A operadora logística Panalpina Brasil realizou esta semana o Panalpina Experience - Economy Trends, um encontro exclusivo que reuniu mais de 30 clientes da empresa, executivos e especialistas para debater o cenário econômico atual do país e as perspectivas para o próximo ano. "O objetivo deste encontro é compartilhar impressões sobre a atual situação econômica do país para entender os desafios que teremos pela frente e para estarmos preparados para atender a demanda quando os volumes voltarem a crescer. Esperamos ter contribuído para esse propósito", disse o presidente da Panalpina Brasil, Marcelo Caio.
Um dos destaques do encontro realizado na sede da operadora logística, em São Paulo (SP), foi a palestra do economista Octavio de Barros, mestre-doutor pela Universidade de Paris, que renovou as esperanças dos players do setor. Segundo Barros, a recuperação da economia brasileira deve ser sentida já neste ano. "A balança comercial do país está voltando a ter um bom desempenho: devemos fechar 2017 próximos aos R$ 60 bilhões. O investimento estrangeiro no país também está indo bem e deve chegar ao final do ano nos mesmos patamares", afirmou.
Barros, que já atuou como economista convidado do Banco Central do Brasil, consultor do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), entre vários outros cargos de grande relevância, ressaltou ainda que os primeiros sinais de retomada também serão notados no PIB (Produto Interno Bruto) em breve, mas de forma gradual. "Tudo indica que o PIB do país terá um leve crescimento já em 2018, de 2% aproximadamente, recuperando-se da estagnação em 2017 e de quedas em 2016 e 2015, de cerca de 3,5%".
O economista fez também algumas outras previsões positivas. "Ainda com relação ao PIB, há outros indícios que o próximo ano será o melhor desde o início da recessão. No que se refere aos investimentos, em 2018, devemos ter um aumento de 5% sobre 2017. No quesito consumo familiar, uma pequena elevação, de 1%, pode ocorrer, visto que devemos fechar 2017 com apenas 0,3% e que em 2016 houve queda de 4,2%. Já no âmbito de produção industrial, poderemos registrar variação positiva de 3% no próximo ano, comparado ao número de 1,4% com o qual devemos encerrar 2017. Da mesma forma, as vendas varejistas indicam crescimento de 2,5% em 2018, sendo que podemos ter alta de 1,5% já no acumulado deste ano, comparado às quedas de 6,2% em 2016 e de 4,3% em 2015", salientou.
Outro fator que aumenta a confiança do economista no mercado nacional é o desempenho do cenário global. "O cenário global é favorável para a recuperação do Brasil, com inflação e taxas de juros em queda. Além disso, o crescimento das principais economias mundias influenciam positivamente o país: a Europa e o Japão estão indo bem e a China segue com taxas convidativas de crescimento. Ou seja, a recuperação já é palpável, o que é uma excelente notícia. Porém, ainda é bastante moderada neste ambiente de grande indefinição política que vivemos", completou Octavio de Barros.
Modal aéreo em alta - Quem também participou do Panalpina Experience - Economy Trends foi o diretor regional da Lufthansa Cargo, terceira maior companhia de transporte aéreo de cargas do mundo, Cleverton Vighy, que avaliou os impactos da atual situação do país neste modal de transporte. "O setor de carga aérea, mesmo em um período de recessão econômica, continua em grande crescimento. Este é um segmento que serve, inclusive, como termômetro de mercado, pois é o primeiro a cair durante a crise, mas também é o primeiro a se recuperar dela", pontuou.
O executivo revelou a movimentação da companhia em 2016 e adiantou que a expectativa para este ano é repetir os resultados. "No ano passado, nossa frota de aviões cargueiros transportou 47 mil toneladas de produtos, entre exportações e importações, mesmo volume de 2015, mas que mostrou crescimento de 15% se comparado apenas ao último trimestre de cada ano", destacou.
O otimismo demonstrado por Barros e Vighy foi compartilhado por outros executivos do setor que participaram do evento organizado pela Panalpina Brasil. O gerente de procurement da Philips HealthTech, Vinicius Dias, acredita que o impacto político na economia começa a enfraquecer. "Os últimos dois anos foram de fato os mais críticos até aqui, mas acredito que temos capacidade para uma retomada a curto prazo. Aliás, é essencial reunir diversos segmentos do mercado em eventos como este para debater a realidade do país e compartilhar uma dose de otimismo. Isto é algo que nos impulsiona a seguir investindo", afirmou.
A gerente de logística da Tellescom, Carla Friolani, concordou. "A economia realmente está em uma crescente. Podemos ter resultados significativos já em 2018, principalmente no segundo semestre. Por isso encontros como este são importantes, principalmente devido ao momento econômico que enfrentamos", reforçou.
O diretor de operações da JLuiz Citrus, Thiago Bertoncellos, entretanto, é um pouco mais cauteloso em sua análise. "Encontros como o Panalpina Experience são sempre relevantes para discutir e compartilhar informações, mas, na minha opinião, a visão do economista Barros está por demais otimista. Enquanto a indexação inflacionária não chegar ao fim, acredito que não será possível ter uma perspectiva de melhora a curto prazo. Pelo contrário, da forma que está devemos ter ainda um mínimo de três anos de recuperação".
"Esta é uma oportunidade ímpar para desenvolvermos uma visão mais crítica sobre a conjuntura na qual operamos, a partir da avaliação de especialistas e de empresas que atuam no mercado. Munidos destas informações podemos definir estratégias mais assertivas para os nossos negócios", concluiu o presidente da Panalpina Brasil, encerrando o evento.
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